
Condenação
De
um grito ela despertou de uma parte de si forçosamente adormecida. Sôfrega
libertou-se da força através da qual a outra de si reinava em um reino ao qual
despreza, mas sem o qual não se reconhecia. Paredes grossa de frias pedras...
constituintes de um reino de amarras de
um eu por si livre...
Desse
grito agora reconhecia o eco de um explícito e suspeito desejo que a convidava
a riscos insondáveis... um abismo em que outrora facilmente se jogaria:
verdadeiro reino de sua ambição.
De
outra parte, tão insondável quanto os mais profundos segredos que nem a nós
mesmos nos revelamos, ela se dividia entre a dúvida e dádiva, não importava se
a eternidade não passava de algumas semanas ou de alguns dias... tão
indefinível eram os sentimentos que a moviam, tão ambígua era a matéria pela
qual se forjava... ou simplesmente tão orgulhosamente seu “eu” era.
Em
meio a um tempo infinitamente apático se regozijava com a dádiva... em meio a
segurança possuída se angustiava com a dúvida. Em meio a uma e outra se perdia
e se encontrava sem conseguir definir quem realmente era: Rainha ou escrava de
seu reino? Súdita dos seus súditos?
Fora
do seu reino, a liberdade; fora da liberdade, o seu reino. Eis a condição à
qual se condenava.
by Milena.
(29/09/09)
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