sexta-feira, 26 de março de 2010

Condenação



Condenação

De um grito ela despertou de uma parte de si forçosamente adormecida. Sôfrega libertou-se da força através da qual a outra de si reinava em um reino ao qual despreza, mas sem o qual não se reconhecia. Paredes grossa de frias pedras... constituintes de um reino  de amarras de um eu por si livre...

Desse grito agora reconhecia o eco de um explícito e suspeito desejo que a convidava a riscos insondáveis... um abismo em que outrora facilmente se jogaria: verdadeiro reino de sua ambição.

De outra parte, tão insondável quanto os mais profundos segredos que nem a nós mesmos nos revelamos, ela se dividia entre a dúvida e dádiva, não importava se a eternidade não passava de algumas semanas ou de alguns dias... tão indefinível eram os sentimentos que a moviam, tão ambígua era a matéria pela qual se forjava... ou simplesmente tão orgulhosamente seu “eu”  era.

Em meio a um tempo infinitamente apático se regozijava com a dádiva... em meio a segurança possuída se angustiava com a dúvida. Em meio a uma e outra se perdia e se encontrava sem conseguir definir quem realmente era: Rainha ou escrava de seu reino? Súdita dos seus súditos?

Fora do seu reino, a liberdade; fora da liberdade, o seu reino. Eis a condição à qual se condenava.


by Milena.
(29/09/09)

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